O Congresso Internacional Roa Bastos nasceu em 2006, em homenagem ao escritor paraguaio Augusto Roa Bastos, e foi se convertendo em referência no Brasil e no exterior como fonte de intercâmbios de pesquisas relacionadas ao autor e à literatura latino-americana. A figura de Augusto Roa Bastos, que perambulou não só por diferentes países, como por diferentes linguagens, áreas e gêneros literários, tornou-se pano de fundo para as pesquisas apresentadas nas diferentes edições do Congresso, que tem nesse intelectual a fonte de inspiração cultural e ética para reunir, pelo viés da interdisciplinaridade, diversos imaginários. Entretanto, mesmo partindo desse núcleo de interesse primordial, o evento visa propiciar saberes alusivos às culturas transfronteiriças, em diferentes línguas, linguagens e meios expressivos. Com o tempo o evento transforma a alusão ao escritor em um modo de expandir as fronteiras das “poéticas transterradas” a fim de reconhecer outros espaços de diálogo entre geopolítica e geopoética.
A oitava edição do Congresso Internacional Roa Bastos em 2015 apresenta o desafio de desenvolver uma temática contemporânea em tempo de globalização voltada para o diálogo Sul-Sul, a partir do reconhecimento de poéticas, éticas e políticas que transitam em culturas interfronteiriças do Caribe Andino ao Grande Chaco. A experiência interdisciplinar que opera com um diálogo entre passado e presente, portanto, entre distintas temporalidades e áreas do saber considera as territorialidades como um campo movediço e em transformação na área da cultura, mas não deixa de assumir um emergente protagonismo. O que pretende com o tema é o desejo implícito de oferecer uma contra moldura ao nacionalismo imperante para entender a literatura em movimento, determinada pela operacionalização de categorias que se renovam com as geopolíticas das diásporas, dos fluxos e das configurações de novos gêneros e das subjetividades em trânsito.